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Cinturão Verde em Naviraí pode ser referência na agricultura familiar de MS


Única comunidade verde de Naviraí, o Distrito Verde é uma implementação da Agraer, fruto do trabalho do engenheiro agrônomo Ronaldo Botelho. “A gente deve muito a ele que encabeçou o projeto e trouxe oportunidade de crescimento às famílias que aqui estão”, afirmou o agricultor Claudinei dos Santos, que trocou a vida de cobrador, em uma loja de varejo, pelo campo.


“Surgiu a oportunidade e eu apostei nela. Abandonei tudo e investi tudo o que ganhava no meu pedaço de chão. Lembro que recebi salário, férias e 13º terceiro e usei tudo para mudar de vida. Eu trabalhei 21 anos no comércio e a única coisa que consegui foi uma saveiro velha e uma casa na cidade. Aqui, no Distrito Verde, eu tenho um carro zero, uma casa, um outro carrinho usado que uso para o trabalho. Na minha casa, estou montando uma área de lazer e, ainda, tenho três funcionários que trabalham comigo”, lembra com satisfação o agricultor.


E como Claudinei ou Nei, como é mais conhecido entre os vizinhos, há outros 33 pequenos produtores que não trocam a vida rural pela urbana. “A renda dos produtores no Distrito Verde variam de quatro a quinze salários por mês. Além da terra, as famílias receberam uma casa financiada pela Agehab [Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul] com área de 32m². A energia elétrica foi pelo programa Luz Para Todos e um poço semi-artesiano para abastecimento de água potável”, se recorda o engenheiro agrônomo Ronaldo Botelho, idealizador do projeto.


Hoje os resultados do projeto são animadores e podem ser vistos no trabalho próspero de cada família, como na estufa do agricultor Luciano Matsubara. “Meu pais moravam no Distrito Verde e eu vi potencial quando cheguei aqui. Trabalhamos apenas com as mudas de verduras e legumes. A gente comercializa entre os agricultores da comunidade e manda também para Maracaju, Dourados e até no estado do Paraná, na cidade de Guaíra”, conta.


Em sua propriedade, o ex-cobrador chega a produzir até quatro mil pés de folhosas para atender restaurantes, mercados e escolas de Naviraí. “Cerca de 90% das mudas são de alface, mas a gente prepara muda de rúcula, pimenta, abobrinha, almeirão e couve-flor. Só não fazemos cenoura e nabo porque elas ficam tortas nas bandejas. O certo era a gente aumentar a produção, pois não conseguimos atender toda a demanda que aparece, mas a gente tem uma boa clientela e trabalha sempre para melhorar”.


Emprego e renda

“A comunidade agrícola tornou-se uma referência na geração de empregos para Naviraí. Grande parte dos produtores tem funcionários que auxiliam no cultivo e comercialização o ano todo. Um dos desafios de hoje é o emprego e o acesso a terra garante produção e renda”, ressalta o engenheiro agrônomo da Agraer.


Ele ainda complementa: “Quase todas as famílias já ampliaram suas moradias, adquiriram veículos próprios para transporte de produção. Dos 34 produtores, 23 já estão no estágio profissional e investiram em melhores e mais modernas tecnologias de produção como: irrigação por aspersão, gotejamento, estufas e hidroponia”.


O projeto começou a ser implantado no município em 2005 e o cultivo em 2008. Inicialmente, a área seria destinada para a construção de uma escola agrícola, mas depois foi doada para instalação de um presídio que ocupou utilizou apenas seis dos 48 hectares.


A proposta já foi, inclusive, apresentada ao Governo do Estado e à Agraer para ser executada em mais 14 municípios.



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