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Manifesto sobre paralisação dos caminhoneiros


No estatuto do Sinterpa, está prevista a defesa da democracia. Isso, para além da determinação estatutária, é um dever de quem defende a atuação sindical. Quando as trevas de uma ditadura, seja ela de qualquer natureza, se instalam, a atividade sindical é fortemente reprimida, aniquilada, e só poderá conviver com o poder ditatorial se dele for capacho e, portanto, serviçal. Assim sendo, devemos fazer nossas as palavras do manifesto que segue.


Atenciosamente,


Edimilson Volpe - presidente do Sinterpa


A BOLÉIA DO CAMINHÃO NÃO PODE SER DESCULPA PARA SE PEDIR TANQUES NAS RUAS e TENENTES NOS PALÁCIOS


A FETEMS (FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL) hipoteca todo o apoio à luta dos caminhoneiros, autônomos ou empregados, por suas reivindicações.


A luta dos caminhoneiros permitiu uma profunda reflexão do Brasil em relação a excessiva carga tributária (estadual e nacional) incidente nos combustíveis, valor de pedágios abusivos, política de preço na PETROBRAS afinada com Wall Street e desassociada do povo brasileiro, maior acionista da companhia.


O que a FETEMS não apoia é o oportunismo daqueles, que ao reboque da legitimidade suscitada pela Boleia, invocam como saída para o Brasil uma intervenção militar.


Volta e meia assistimos setores da sociedade brasileira flertando com o arbítrio, com o autoritarismo e com um país dirigido por oficiais das forças armadas. Algo deprimente.


Este caminho nunca deu certo no Brasil. O último legado da presença militar no comando do país é nefasto para os brasileiros e para a história das forças armadas.


Não há saída para a crise, que enfrentamos atualmente, que não seja a DEMOCRACIA plena. Só a democracia permite que simples caminhoneiros sejam capazes de alterar a pauta de um país, como aconteceu ao longo da última semana. Nem em sonho isto aconteceria sob um regime militar. Democracia é o nosso remédio e nossa vacina.


Democracia nas escolas e universidades. Democracia nos meios de comunicação. Democracia na política fundiária e de financiamento da produção agropecuária. Democracia no sistema financeiro e bancário. Democracia no controle social. Democracia de dados e informações públicas. Democracia no orçamento público. Democracia no controle e direção das empresas estatais (como a Petrobrás e BNDES).


Não há saída fora da democracia. As forças armadas devem continuar tendo o papel constitucional que possuem em todas as demais democracias: Defesa do território nacional e por consequência da soberania nacional face as investidas dos não nacionais. Nem mais e nem menos que isto.


Os últimos 21 anos de arbítrio sob a batuta militar é uma grande lembrança para o caminho e a solução que não podemos sequer cogitar.


Há uma diferença enorme entre uma concentração de caminhões em postos e rodovias e uma concentração de tanques de guerras guardando palácios e praças públicas. Não nos esqueçamos disto, pois a última vez que o Brasil saiu às ruas para aplaudir intervenção militar, 31 de Março de 1964, tivemos uma longa noite, sem lua, que perdurou por duas décadas e que até hoje ecoa suas consequências.


A FETEMS conclama seus sindicatos filiados e seus afiliados a sempre hipotecarem apoio à luta de qualquer categoria de trabalhadores, no presente caso aos caminhoneiros. Todavia. Conclama ainda a refutarem com veemência toda e qualquer insinuação ou flerte com o arbítrio/autoritarismo, fardados ou não.


Jaime Teixeira - Presidente da Fetems


Foto: Valter Campanato/ABr



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