Corredor Bioceânico poderá contribuir com a agricultura familiar
Sonhado há décadas pelas autoridades e comunidades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, o Corredor Bioceânico trará impactos para a população e para o desenvolvimento das regiões alcançadas pelo traçado internacional.
O corredor consiste em uma rota rodoviária que possibilitará a conexão viária do Centro-Oeste brasileiro aos portos chilenos de Antofagasta e Iquique, no Pacífico. O nome bioceânico se refere ao traçado que permitirá a ligação entre os oceanos Atlântico (Porto de Paranaguá) e Pacífico (Portos de Antofagasta e Iquique). O trajeto passará por cidades do Brasil, como Campo Grande e Porto Murtinho, do Paraguai, da Argentina e do Chile.
Para identificar as oportunidades e desafios gerados pela obra, pesquisadores do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico da UFMS estão realizando estudos nas áreas de Logística, Economia, Turismo, Direito e História. Uma das linhas de pesquisas está avaliando as oportunidades relacionadas à agricultura familiar.
“Nossa intenção é percorrer o trajeto de Campo Grande a Porto Murtinho para identificar quais produtos da agricultura familiar são vendidos ao longo da rodovia, há quanto tempo estão vendendo, se tem uma produção suficiente para exportar, por exemplo. Em conjunto com a Profa. Luciane, verificar se tem mercado para esse produto e se há interesse do produtor”, explica o pesquisador e professor Edgar Aparecido Costa (CPAN/UFMS).
Os pesquisadores identificaram até o momento alguns dos municípios com produção da agricultura familiar que estão na rota, como Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Jardim e Porto Murtinho.
“Considero que a agricultura familiar tem um grande potencial exportador. Em outras regiões do país, como no Nordeste, a agricultura familiar é um dos setores que mais exportam para o mercado internacional. Se não realizarmos um levantamento como este para auxiliar os agricultores, eles terão dificuldade de acessar esses mercados. Nossa participação nesse projeto será fundamental para alavancar os negócios desse setor”, avalia.
Ainda de acordo com o pesquisador, o estudo irá contribuir para elaboração de políticas públicas e projetos para incentivar e fortalecer a agricultura familiar, assim como para a definição de estratégias que possam minimizar possíveis efeitos negativos.
Desenvolvimento dos municípios
De acordo com a pesquisadora e professora Luciane Cristina Carvalho (ESAN/UFMS), a expectativa é que, com a rota internacional, os empreendimentos instalados em municípios alcançados pelo trajeto possam aumentar o volume de produção e os destinos de seus produtos.
“Há atividades que ainda não tem o fluxo de comércio exterior normalmente por ser custoso, em razão do deslocamento até o Porto de Santos (SP) ou Paranaguá (PR) ou pela questão de importação de matéria-prima, que vem da China, para poder fabricar o produto final e depois exportar. O que buscamos no eixo da Economia é verificar quais são esses produtos que tem o potencial para utilizar essa rota e expandir suas atividades para outros países”, explica.
“Se houver um maior volume de exportação, pressupõe-se que haverá uma demanda maior também pelo volume de emprego. Nós vamos cruzar todas essas informações para poder verificar o que a gente tem e qual a quantidade de produtos que podem ser exportados, qual o volume do comércio exterior e qual o destino dessas exportações”, relata a pesquisadora do Projeto Multidisciplinar da UFMS.
O levantamento contribui para avaliação das possibilidades de aumento das exportações e importações não apenas para países do continente americano e asiático, como também entre os países da América do Sul.
“Nessa rota, temos a Argentina, o Paraguai, que são países que também podem ser consumidores dos nossos produtos. Quando se fala do corredor, há o foco no trajeto marítimo, mas temos nesse caminho outros países e, melhorando a rodovia, também haverá uma ampliação melhor da distribuição dos produtos que são produzidos em Campo Grande, por exemplo”, avalia.
Ao mapear as oportunidades de ampliação da produção e exportação de produtos e de desenvolvimento econômico dos municípios que utilizarem o Corredor Bioceânico, os pesquisadores buscam apontar caminhos para melhor utilização da estrutura logística.
Por: Assessoria de Comunicação do Projeto Multidisciplinar Corredor Bioceânico da UFMS
Foto: Erick Wilke