Mercado Escola vai contribuir para o desenvolvimento da agricultura familiar em MS
O Centro de Estudos e Comercialização da Produção Orgânica e Agroecológica da Agricultura Familiar, também chamado de “Mercado Escola”, vai potencializar a produção da agricultura familiar em Mato Grosso do Sul.
O prédio está sendo construído na área de estacionamento do Estádio Morenão, ao lado do Ginásio Moreninho, no câmpus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande.
“É um projeto inovador no Brasil. Não temos outra universidade que tenha um espaço físico definitivo e exclusivo para a agricultura familiar. Tem espaços cedidos, terceirizados, feiras, mas essa será a primeira vez que uma universidade vai abrigar, construir a casa da agricultura familiar dentro do câmpus”, afirma a coordenadora do projeto, Mirian Coura Aveiro.
O Mercado Escola terá espaço para comercialização de produtos e capacitação dos agricultores familiares nas áreas de atendimento ao público, fluxo de caixa, manipulação de alimentos e boas práticas, além de disponibilizar laboratórios para processamento dos produtos da agricultura familiar e controle de resíduos químicos.
No local, serão disponibilizados 23 boxes para venda de alimentos produzidos por pequenos agricultores da capital e do interior do Estado. A ocupação será definida por meio de edital de seleção que será aberto pela UFMS. A renovação para uso do espaço será anual, com, no máximo, 5 anos de concessão para cada cooperativa.
A agricultora Eva da Silva Andrade, do Assentamento Vale do Jatobá (Sete) em Jaraguari, trabalha com a produção de hortifruti e alimentos processados como doce de leite e pamonha. Ela acredita que o projeto contribui para o aperfeiçoamento dos agricultores familiares e melhor aproveitamento dos produtos.
“Vai ser muito bom para os agricultores porque teremos espaço para vender os produtos e também para o processamento. Se a gente levar os produtos e não vender tudo já pode passar para o laboratório, processar, produzir picles, por exemplo. Então teremos o aproveitamento total da nossa produção”, comenta.
O projeto é desenvolvido pela Incubadora Tecnológica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e financiado por meio de emendas parlamentares de autoria dos deputados Zeca do PT e Vander Loubet, com contrapartida do Governo do Estado e demais parceiros.
Pesquisa e extensão
O pró-reitor de Extensão, Cultura e Esporte (Proece) da UFMS, Prof. Dr. Marcelo Fernandes Pereira, também destaca a importância do projeto. “O Mercado Escola é um grande laboratório tanto de comercialização quanto de processamento de produtos da agricultura familiar. Pretendemos não só oferecer cursos e serviços, mas construir na universidade um polo de atendimento aos pequenos agricultores, que movem grande parte da economia do Estado”.
De acordo com Mirian Aveiro, o projeto trará benefícios não apenas para a agricultura familiar, como também para os professores e acadêmicos da universidade e para a população em geral.
“Todos os cursos da UFMS poderão desenvolver pesquisas dentro do Mercado Escola, desde a medicina com a saúde do trabalhador, por exemplo, passando pela engenharia de alimentos até a economia e administração, criando oportunidades para que as demandas dos produtores sejam atendidas pelos professores e alunos de cada área”, explica.
O Mercado Escola será também uma opção permanente de produtos da agricultura familiar para a população em geral. “Teremos o laboratório de controle de resíduos químicos para dar a garantia a esses consumidores que os produtos comercializados no Mercado Escola estão livres de agrotóxicos. Daremos à população a oportunidade de consumir produtos de qualidade”, avalia Mirian Aveiro.
Projeto do Mercado Escola
Estrutura
O Mercado Escola contará com laboratórios, salas administrativas, sanitários, subestação de energia e estrutura metálica para os boxes. De acordo com a coordenadora do projeto, a obra de 2.500 metros quadrados está cerca de 60% concluída.
“As estruturas do térreo, que será a administração, e do piso superior onde serão os laboratórios estão finalizadas, faltando apenas o acabamento. Agora aguardamos a terceira fase que será a instalação da estrutura externa metálica para os boxes, onde os agricultores vão ficar”, explica Mirian.
Em razão da pandemia, os trabalhos foram paralisados e a expectativa é que sejam retomados até o final do ano. A previsão é que a obra seja concluída até julho de 2021.