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Cultura do maracujá abre caminhos para produtores no Mato Grosso do Sul

José Lúcio Neto, de 65 anos, é agricultor familiar há 43 e já produziu muita coisa nesse tempo. Mamona, mandioca, leite de vaca, tomate, mas foi na fruticultura que encontrou engajamento e crescimento no solo sul-mato-grossense. Na propriedade do produtor, no sítio São José, gleba Ouro Verde, em Ivinhema-MS, estão os mais de 300 pés de maracujazeiro cultivados sob assídua irrigação.


José e mais seis produtores começaram juntos essa nova experiência de plantio com o apoio da Agraer. Testaram o cultivo do maracujá na região e, em dezembro de 2016, plantaram três mil pés da fruta. Os resultados já aparecem de forma positiva e, em menos de dois meses, os agricultores já puderam colher os frutos.


Segundo José, toda semana ele e a famílias colhem cinco caixas da fruta. “A irrigação é parte fundamental no sucesso da colheita. Minha expectativa é de aumentar a colheita para 30 caixas semanais. Tem tanto maracujá nas parreiras que é impressionante” comemora o agricultor.


A irrigação feita por José só foi possível a partir de financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com o recurso, ele pode comprar equipamentos para executar a regadura. O próximo passo é incluir o suco da fruta, do maracujá, na alimentação dos alunos de Ivinhema, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).


De acordo com o delegado da Delegacia Federal da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (DFDA-MS), Dorival Betini, a adesão ao plantio da fruta no estado está em um momento crescente. “Os agricultores viram na cultura do maracujá um meio de sobrevivência e de aumentar a renda. Estão investindo”, destaca.


Pesquisa

Estudos realizados pelas pesquisadoras do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), Olita Salati Stangarlin e Aline Mohamud Cesar, mostram que a maior ameaça a essa cultura é uma doença que provoca o endurecimento do maracujá causado por um vírus, que é transmitido por pulgões e durante podas feitas com instrumentos de corte como tesoura, canivete e inclusive a unha. Os frutos podem ficar deformados, pequenos ou duros, sem valor comercial, causando queda na produção e redução na vida econômica do pomar. A disseminação é rápida, podendo infectar todas as plantas em três meses.


“Nós fizemos dois estudos, um em Campo Grande e outro em Três Lagoas. Foram analisados seis cultivares. Todas produziram, mas cada uma com um ciclo diferente. E neste estudo foi feito o levantamento de doenças”, explicou a pesquisadora Olita Salati Stangarlin.


Ainda de acordo com Stangarlin, com base nesta pesquisa, foi possível identificar técnicas de manejo que amenizam os efeitos da doença. Uma delas é o cultivo das mudas em estufas protegidas com telas até atingirem 1,50m. “Só depois disso a muda deve ser levada para o campo. Mesmo se o pulgão aparecer, vai demorar para tomar conta de toda a planta e o agricultor já vai estar colhendo. Passamos essas informações de manejo aos pequenos produtores em palestras. Assim, conseguimos evitar que eles tenham prejuízos. Já visitamos, por exemplo, Anastácio, Campo Grande, Três Lagoas, Bela Vista e Mundo Novo”, relatou.


Aline Mohamud é a coordenadora do projeto de variedades do maracujá e Olita desenvolveu os estudos sobre as doenças. As pesquisadoras estão a disposição para dar palestra como também identificar as doenças se os produtores precisarem. O contato pode ser feito na Cepaer pelo telefone 3365 9761.


Por: Assessoria de Comunicação do Sinterpa (com informações da Assessoria da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário)

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