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Horticultura precisa crescer em MS


A produção de hortaliças e frutas em Mato Grosso do Sul cresceu 88% na última década, considerando 16 itens pesquisados. No entanto, o maior desafio ainda é diminuir a importação que, segundo a Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul (Ceasa/MS), soma mais de 140 toneladas.


O volume produzido, conforme inventário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 29 itens, entre os quais, 10 são responsáveis por mais de 95% do que é produzido regionalmente: laranja, mandioca, abóbora, banana, limão, maxixe, abobrinha, pepino, quiabo e tomate.


Durante o 55º Congresso Brasileiro de Olericultura, realizado entre os dias 6 e 10 de agosto, em Bonito, os debates concentraram-se na transferência de tecnologias em diversos cultivos e os principais gargalos do setor.


Um dos temas que mais chamaram atenção foi apresentado pelo diretor executivo do Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), Luciano Vilela, que destacou a estatística de perdas de hortaliças no Brasil.


De acordo com informações apresentadas pelo pesquisador, estima-se que, entre o processo de cultivo e pós-colheita, as perdas com hortaliças representam até 55% do total produzido. De todo esse porcentual, 20% se perde dentro da propriedade durante a produção e os outros 35% ficam por conta das práticas do pós-colheita (armazenamento, transporte, distribuição e consumidor final).


Vilela explica que 80% dos problemas de perda estão relacionados com as embalagens, manejo da carga e forma de condicionar esses alimentos. “Muitas das caixas usadas no transporte são as caixas K, embalagem conhecida há mais de 60 anos, usada para transportar querosene durante a Segunda Guerra Mundial. Até hoje, é a mais utilizada para acondicionamento e transporte de produtos hortícolas”, detalha.


Atualmente, as principais desvantagens desse tipo de caixa estão no custo elevado da madeira, problemas de ordem sanitária, perdas no transporte e complicações de frete. “Buscar por melhores tipos de caixas, higienizar essas caixas, pois, muitas das vezes, a não higienização leva doença de uma lavoura para outra através dessas caixas e ainda causa riscos à saúde humana”, esclarece o especialista.


SISTEMATIZAÇÃO

É comum que se dê atenção às grandes commodities – como soja, café, açúcar e carnes –, mas que se veja com maior atenção as cadeias produtivas cuja fabricação é realizada majoritariamente por pequenos produtores e voltada essencialmente para o mercado interno.


Esse é o caso da cadeia produtiva de hortaliças que, por meio de um estudo em 2016, encomendado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apontou pela primeira vez a representatividade do setor.


Só naquele período, a cadeia produtiva de hortaliças no Brasil movimentou um total de R$ 66,23 bilhões entre todos os seus elos. No elo chamado “antes da porteira”, formado pelas organizações fornecedoras de insumos, máquinas e equipamentos agrícolas, o faturamento estimado foi de R$ 11, 17 bilhões.


De um universo de mais de 100 produtos, o trabalho concentrou-se nas cadeias produtivas de alface, tomate, batata, alho, cenoura, beterraba, abóbora, cebola, abobrinha, pimentão, couve-flor e coentro e gerou um PIB de R$ 18,63 bilhões.


Produção, colheita, armazenamento e transporte, distribuição e consumo foram mensurados dentro desta estática alarmante por meio do cruzamento de dados de dois estudos. O primeiro trata-se do mapeamento e da quantificação de cadeias produtivas da CNA e o outro, encabeçado pelo pesquisador Antônio Gomes, da Embrapa, “trata-se de uma observação sobre as perdas da produção até a distribuição, ou seja, passando da propriedade, comercialização até chegar ao consumidor final”, destaca.


Fonte: Correio do Estado

Foto: Divulgação

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