Cerrado: o berço das águas do Centro-Oeste
O Cerrado, concentrado em sua maioria no Centro-Oeste do Brasil, é a esperança para a geração de recursos hídricos do país. O bioma é considerado o berço das águas e tem importância estratégica para o abastecimento e manutenção de uma rica biodiversidade. Ele está presente em 13 estados (um quarto do território nacional), entre eles, Mato Grosso do Sul.
O bioma é a segunda maior vegetação da América do Sul, ocupando uma área de 2,4 quilômetros quadrados, cerca de 22% do território e responsável por 30% da biodiversidade nacional, além de ser um importante elo entre outros quatro biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal).
O Cerrado comporta a maior diversidade do continente em termos de espécies nativas. Possui uma vasta extensão territorial, pela posição geográfica privilegiada, pela heterogeneidade vegetal, e por ser cortado pelas três maiores bacias hidrográficas da América do Sul. Ocupando áreas de clima tropical, com duas estações alternadas bem marcadas (a seca, que ocorre no inverno e a chuvosa, no verão), o Cerrado é composto por variações de formações campestres até formações florestais como: campo sujo, cerradão, campos cerrados, cerrados stricto sensu ou campo limpo.
A diversidade de cada uma de suas paisagens mantém determinado nível de relações ecológicas que a distingue das demais, seja ao nível de ciclagem de nutrientes, produção de biomassa, ou mesmo balanço hídrico e energético. O bioma possui vegetação com a presença de árvores pequenas, arbustos, lembrando a vegetação da savana africana. Entre as espécies vegetais que o caracterizam, estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, a sucupira, o pau-terra, a catuaba, o indaiá e o pepalantus. Entre as espécies da fauna, destacam-se os gaviões, o tamanduá-bandeira, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, várias espécies de tatu, além da onça-parda e da onça-pintada.
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que sofreu mais alterações com a ocupação humana. O bioma é considerado um dos 25 ecossistemas do planeta com alto risco de extinção. Segundo cálculos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) restam apenas 34,22% das áreas nativas remanescentes do Cerrado.
Além dos aspectos ambientais, o cerrado tem uma grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais. O gestor ambiental e pós-graduado em ecologia e intervenções ambientais, Filipe Henrique de Abreu Robatini, faz referência de que o cerrado é um dos biomas mais incríveis, por conta do clima desértico tem-se uma grande variedade de fauna e flora. “Temos uma beleza diferente do normal, temos árvores tortas e secas e em meio a tudo isso muitas árvores frutíferas e flores de cores vivas. Infelizmente perdemos muito da beleza do cerrado e da biodiversidade”, argumenta.
Já o produtor rural, Mario Zinato Santos, nascido e criado em uma fazenda no interior de São Paulo, só esteve no meio urbano do Centro-Oeste anos mais tarde. Ele informa que sempre foi agricultor e que na primeira oportunidade, há quase 40 anos, comprou sua primeira propriedade rural e descobriu que era o que queria para o resto da vida. Há mais de 30 anos, produziu soja, milho e feijão no Distrito Federal. Hoje dedica-se a produção de leite.
“Produzimos na fazenda milho, soja e capim para o sustento do gado leiteiro. Hoje a produção de leite é em média 12 mil litros por dia e a maior parte é vendida para grandes empresas, via cooperativas” justifica.
Mas o grande diferencial do produtor rural está na autosustentabilidade. Consciente de que tecnologias sociais são um dos meios para salvar o cerrado, replicando tecnologias limpas, ele utiliza o bioma sem extinguir os seus recursos. “Hoje 50% de nossa produção de milho e capim para silagem, é matéria orgânica de nossa compostagem, nosso ambiente é sustentável do qual sou totalmente favorável.”, afirma.
A preservação é o caminho para a manutenção de sua importância e características, que fazem do cerrado uma das regiões mais ameaçadas do planeta.
Fonte: MDA – Foto: Tamires Kopp