Pesquisa da UEMS gera manual para produtores da agricultura familiar
A pesquisa de doutorado do venezuelano, Orlando José Bastidas Betancourt, no Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), rendeu um manual para auxiliar agricultores familiares de Dourados (MS) a acessarem políticas públicas.
De forma didática e prática, o manual traz as definições de agricultura familiar, o passo a passo para ser produtor explicando detalhadamente sobre como solicitar a Emissão da declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP); e as documentações para a comprovação da renda familiar.
Clique aqui para acessar o manual.
A publicação visa divulgar e facilitar as informações para produtores da agricultura familiar, em Dourados, de forma simples e didática. Para a utilização e aplicabilidade das políticas públicas, com base nas dificuldades apresentadas pelos agricultores nas experiências práticas já desenvolvidas. Também possibilita conhecer as instituições públicas, principalmente a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Agraer-MS).
Ao longo do contato com os produtores para a pesquisa, Orlando percebeu que são poucos os agricultores familiares que buscam os recursos de políticas públicas. “O Manual tem o objetivo de ajudá-los a se desenvolverem de forma mais integral, de forma mais expansiva e que sejam escutados como os que prevalecem proporcionando alimentação para o município, porque eles são muito importantes para nós como proporcionadores de alimentos”, enfatizou o pesquisador.
Orlando José Bastidas Betancourt é doutor em Recursos Naturais pela UEMS
Sobre a pesquisa
A pesquisa de Orlando objetivou em descrever os modelos produtivos da Agricultura Familiar, em culturalmente distintas, sendo selecionadas propriedades rurais no município de Dourados/MS, Brasil, e Boconó no estado Trujillo, Venezuela.
Sob orientação do Prof. Dr. Etenaldo Felipe Santiago e Coorientação da Profª. Dra. Luciana Ferreira da Silva, a pesquisa foi realizada com comparativo também antes e durante da COVID-19, com uma mostra representativa de 34 produtores e 145 consumidores, foram aplicados questionários de 18 perguntas para avaliar os impactos pandemia sobre aspectos produtivos e de comercialização dos produtos orgânicos, e a importância destes para o desenvolvimento econômico e ambiental.
Agricultura familiar em época de COVID
Os resultados evidenciaram para Dourados, um aumento de 25% de custos para os insumos durante a pandemia, e 72,4% dos produtores declararam perdas nas vendas de seus produtos, sendo identificadas falhas na comercialização, marketing e limitações de mercado, em Boconó, 75% dos agricultores indicaram dificuldades semelhantes, somado à escassez das matérias primas e restrições de combustível para deslocamento e escoamento da produção.
Com relação aos consumidores, o conhecimento acerca do tema orgânico e agroecológico é desuniforme, sendo fortemente influenciado pela localidade de estudo, de todo modo, mesmo durante a pandemia o hábito de consumo de orgânicos foi mantido para os consumidores de Dourados, sendo o sistema de delivery o principal mecanismo para aquisição dos produtos. Para os consumidores de Boconó a opção pelos produtos da AF esteve fortemente associada às promoções de preços, devido às dificuldades de escoamento dos mesmos uma vez que esta prática foi adotada por produtores como forma de redução de perdas.
Para ambas as localidades, as principais fragilidades identificadas incluíram: marketing para a melhor comercialização, orientações/amparo institucional, oferta e acesso à auxílio financeiro governamental. Como forma de contribuição à Agricultura Familiar, alguns dos resultados da pesquisa foram disponibilizados aos produtores visitados, como por exemplo, os mapas das propriedades obtidos por meio de aerofotogrametria.
Os dados levantados no estudo podem ainda ser úteis na definição de políticas públicas voltadas para o apoio e fomento da agricultura.
Banca de avaliação da tese de Orlando Betancourt
Texto e fotos: UEMS
Comments