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Projeto de Agricultura Periurbana passa a atender 18 comunidades tradicionais em MS


A produção sustentável e a geração de renda possibilitadas pelo projeto “Agricultura Periurbana em Comunidades Tradicionais” estão transformando a realidade de famílias indígenas e não indígenas de Mato Grosso do Sul e despertando o interesse de novas comunidades tradicionais.


Para atender a essa demanda, a iniciativa, que consiste na implantação de hortas comunitárias utilizando sistema de plantio em área protegida, será ampliada de 4 para 18 comunidades. Nas regiões atendidas, são produzidas hortaliças como alface, couve, almeirão, cebolinha, salsa, rúcula e coentro.


Iniciado em julho de 2018, o projeto é realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em parceria com a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), com recursos de emenda parlamentar.


“A expansão ocorreu naturalmente por conta da procura das próprias lideranças das comunidades. É um projeto que garante geração de renda, porque na comunidade não tem trabalho. Já existe a produção de verduras, mas a hortaliça tem um giro muito rápido e isso faz uma grande diferença”, explica a coordenadora do projeto, Profa. Dra. Vanderléia Mussi (FACH/UFMS).


O projeto começou atendendo as regiões da Aldeia Água Bonita (Campo Grande), Comunidade do Bairro Lageado (Campo Grande), Aldeia 10 de maio (Sidrolândia) e Aldeinha (Anastácio), totalizando 1.286 famílias beneficiadas.


Na segunda fase, iniciada este ano, as ações estão sendo ampliadas para 18 comunidades em seis municípios: Sidrolândia, Anastácio, Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti, Nioaque e Campo Grande. Com essa expansão, uma das regiões atendidas será a Comunidade Quilombola “Tia Eva”. Ao todo, 2.956 famílias estarão diretamente envolvidas no projeto e cerca de 14 mil pessoas serão beneficiadas.


Produção

O indígena Adão Custódio, da Aldeia 10 de Maio, explica que o projeto possibilitou o aumento da produtividade e a diversificação da produção. “A gente já plantava quiabo, abóbora, mas no sistema antigo e não rendia muito. Com o projeto, a gente recebeu assistência técnica, fez análise de solo e começou a aumentar a produção. E agora tem alface, couve, cebolinha, cheiro verde. Está sendo uma experiência ótima”, conta.


Parte da produção é distribuída para as outras aldeias da região e outra parte é comercializada nas feiras e estabelecimentos comerciais de Sidrolândia.


Em cada comunidade, é instalada uma estufa de 84 m² com sistema de irrigação próprio e mais de 200 m² de telados com irrigação por gotejamento. O cultivo protegido reduz o impacto de variáveis climáticas como: temperatura, umidade do ar, radiação solar e vento.

Cultura indígena

A coordenadora do projeto, Profa. Dra. Vanderléia Mussi (FACH/UFMS), explica que a produção de hortaliças é uma novidade para os índios Terena, que são a maioria dos beneficiados. “Embora haja uma tradição de cultivo pelos Terena, o plantio com hortaliças é histórico e inédito, é uma técnica específica que eles ainda não haviam se apropriado. E dentro do projeto, nós fazemos uma mediação do saber em que as tradições culturais indígenas relacionadas ao sistema de plantio são respeitadas”, explica.


Tanto que, conforme a coordenadora do projeto, criou-se o conceito de “produto agroecológico indígena” e o selo “Horta da Aldeia” para especificar as hortaliças que são produzidas nessas comunidades.


Energia solar

Entre os avanços desta segunda fase do projeto, está a implementação de tecnologias sustentáveis com uso de energias renováveis como sistemas fotovoltaicos. A Aldeia 10 de Maio será uma das primeiras a ser beneficiada. “Estamos aguardando por essa instalação. Vai ser ótimo porque a nossa energia aqui é muito ruim. E a gente vai reduzir o custo com a energia solar”, comemora Adão Custódio.


Política pública

A expectativa é que as ações do projeto possam resultar na elaboração de Políticas Públicas para povos indígenas em contextos urbanos na capital e no interior do Estado. “O nosso objetivo é fomentar uma política pública que vai garantir a autonomia dessas comunidades. Essa autonomia é importante porque é uma questão de reafirmação identitária, de cidadania indígena, de direitos. A Constituição e a Convenção 169 [OIT] são claras no sentido de que é preciso garantir o trabalho dentro da especificidade, dentro da cultura dessas comunidades tradicionais e o projeto contribui nesse sentido”, ressalta a coordenadora do projeto.


Fonte: Assessoria de Comunicação do Projeto

Fotos: Coordenação do Projeto " Horta da Aldeia"

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