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Caderneta histórica de Marechal Rondon é preservada pela Agraer


Documento faz parte do acervo da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul

Em meio a tantos documentos oficiais, uma caderneta do Marechal Rondon, datada de 1905, representa um dos achados históricos de maior valia do acervo da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer). Junto com outros papéis, o material passou por processo de digitalização afim de resguardar o nosso passado e facilitar o acesso às informações.

Escrita a próprio punho, as anotações retratam um pouco do cenário do Mato Grosso do Sul, até então uma área pouco explorada. Nas páginas, os registros da região que hoje forma o município de Miranda, mas que naquele período republicano era intitulada por “Vila de Miranda”.

O amarelado do papel e a graciosidade das letras nos dão pistas do capricho que o militar tinha na execução do seu ofício e o trabalho que significava uma expedição. “Com uma caderneta de campo, Rondon, que na época ainda era apenas major, desenhava croquis, fazia cálculos e ainda visitava folha por folha, muito diferente de hoje, em que tudo pode ser feito com o auxílio de um GPS”, observa o gerente de regularização fundiária e cartografia, Humberto Maciel, responsável pelo acervo da Agraer.

A capa um tanto puída, o amarelado das folhas e a beleza da grafia, somado ao fator “tempo” traz na fragilidade da caderneta algo de valioso: um recorte da história de Mato Grosso do Sul (MS). “Estamos diante do Papa da Agrimensura, pois foi ele quem trouxe as linhas telegráficas para o cerrado brasileiro”, conta Maciel.

A caderneta não é o único registro de Rondon catalogado pela Agraer. Há ainda outro documento (medição e demarcação da aldeia Ipegué-Cachoeirinha), situada na região que nos dias atuais pertence à cidade de Aquidauana.

“Dá para tirar muita informação com base na análise dos registros. Brinco em dizer que naquele período figuras como o Marechal, então Major, eram ‘metidos’ a poetas. Não era apenas uma descrição, havia todo um rebuscamento na linguagem e uma riqueza em detalhes para descrever desde o solo até as paisagens e os animais que por ali passavam”, diz Maciel.

Patrimônio Histórico-Cultural

Além desses guardados, o acervo conta com trabalhos de outras importantes figuras que fizeram parte da história do MS, como Arnaldo Estêvão de Figueiredo. “De 1900 para cá tudo quanto é documento sobre terras vinculadas, de certa forma, ao governo Mato Grosso do Sul está sob posse da Agraer. O valor histórico é incalculável, daí a importância da digitalização”, explica Maciel.

A estruturação do acervo em formato virtual já foi concluída. O passo seguinte é validar os processos burocráticos para que o mesmo esteja em funcionamento até o começo de 2016. “Ao todo são 8 mil processos primitivos só no período que antecede a divisão do estado”, diz o servidor.

O acervo tem o objetivo de adotar medidas para estabilizar ou amenizar a degradação dos documentos, prolongando a vida dessas matrizes oficiais. Em paralelo, facilitar o acesso às informações por meio digital, sem a preocupação dos riscos de deterioração oferecidos pelo manuseio sem proteção (luvas) ou acondicionamento inadequado (exposição a luz, calor, poeira ou umidade em excesso, etc).

Marechal Rondon

Patrono das comunicações no Brasil, Marechal Cândido Rondon nasceu em 5 de junho de 1865. Ingressou no exército em 1881 e se formou em Matemática e Ciências Físicas e Naturais na Escola Superior de Guerra.

Na vida militar, comandou expedições que levaram os serviços de telecomunicações às áreas mais afastadas do Brasil. Também participou da construção de linhas telegráficas que interligaram a região Centro-Oeste e a Amazônia às linhas do Rio de Janeiro, São Paulo e o Triângulo Mineiro.

Ao todo, Rondon desbravou mais de 50 mil quilômetros de sertão e florestas. Foram instalados mais de 4,5 mil quilômetros de linhas telegráficas no período em que comandou a missão.

O Marechal também fez significativos contatos com várias tribos indígenas de forma pacífica. Inclusive, esse seu trabalho rendeu-lhe uma indicação para o Nobel da Paz, em 1957. Recentemente, também foi lançado um filme biográfico sobre ele, tamanha é a representatividade que possui no Brasil.

Da Agraer (MS)​

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