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Alimentos de origem quilombola refletem sabores e saberes ancestrais


A culinária quilombola é um reflexo direto da história de resistência e adaptação das comunidades negras no Brasil. Originárias de territórios conquistados e cultivados por pessoas que fugiram da escravidão, essas comunidades mantêm até hoje práticas alimentares do período colonial. A relação entre a agricultura familiar e a produção de alimentos nas comunidades quilombolas é uma das principais fontes de subsistência e identidade, sendo profundamente ligada ao cuidado com a terra e ao uso sustentável dos recursos naturais.


Nas comunidades quilombolas, a base alimentar é composta por cultivos que, em sua grande maioria, são de culturas temporárias e permanentes, como mandioca, milho, feijão, macaxeira, caju, acerola, mamão, banana, umbu e coco. Esses alimentos não só fazem parte do cotidiano dessas populações, mas também são cultivados com práticas que buscam garantir a preservação do território para as futuras gerações. O cuidado com a terra é um princípio fundamental para a permanência dessas comunidades em seus territórios, evitando a degradação ambiental e respeitando os ciclos naturais.


Cultura alimentar


A agricultura familiar, prática essencial para a produção desses alimentos, é realizada de maneira coletiva, com uma forte conexão entre os saberes tradicionais e os processos agrícolas.


Esses modos de produção são passados de geração em geração, assegurando não apenas a manutenção dos produtos alimentares, mas também a preservação de toda uma forma de viver que respeita os ciclos naturais e garante a sustentabilidade local.


Entre os produtos mais típicos da culinária quilombola estão aqueles derivados da mandioca, como o beiju, o bolo, o grude e a tapioca. Esses alimentos são preparados a partir de técnicas que remontam aos tempos ancestrais e refletem a adaptação dos quilombolas ao seu ambiente. A mandioca, cultivada em diversas variedades, é uma verdadeira base alimentar, utilizada de inúmeras formas e combinada com outros ingredientes para criar pratos saborosos e nutritivos.


Identificação de Origem


Andreia explica que além da mandioca, a produção de frutas como a banana e o caju também é comum nas comunidades quilombolas. Estes produtos são importantes para a alimentação diária e têm um papel significativo no comércio local e na troca entre as comunidades. A agricultura familiar é, portanto, um sistema que vai além da subsistência, ela é uma forma de fortalecimento da economia local e de preservação cultural.


O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), o Ministério da Cultura (Minc) e a Fundação Cultural Palmares, reeditou, em 2023, o Selo Quilombos do Brasil - Identificação de Origem. O Selo permite identificar e agregar valor à produção dos quilombolas. Já foram emitidos mais de 200 Selos para Quilombos de todas as regiões do Brasil.


Importante destacar que a iniciativa agrega valor à produção quilombola à medida em que consumidores procuram cada vez mais produtos que geram sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental, valorização da cultura local e da produção regional, geração de renda e desenvolvimento local sustentável.


A relação entre a culinária quilombola e a agricultura familiar, ao mesmo tempo que garante a sobrevivência das comunidades, também é um exemplo de como a agricultura pode ser realizada de forma sustentável. Ao cuidar da terra e garantir a sua saúde, as comunidades quilombolas preservam o alimento e também sua identidade e seu território, de maneira a garantir a continuidade de seus modos de vida.


Por: MDA

Foto: Acervo MDA/INCRA

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