José Soares e Juraci Alves se aposentam após quatro décadas de serviço à extensão rural em MS
- tatianamartins3
- 8 de set.
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Após mais de quarenta anos de uma vida dedicada à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural, dois servidores da Agraer de Mato Grosso do Sul iniciam um novo capítulo em suas vidas.
Com uma trajetória marcada por compromisso e trabalho incansável, José Soares Sobrinho e Juraci Aparecido Alves se despedem de suas carreiras profissionais no serviço público. A história de ambos foi construída com o suor e a dedicação de quem acredita que o trabalho no campo tem o poder de transformar vidas.
José Soares: 46 anos de uma relação próxima com os produtores
Após 46 anos de uma jornada marcada por dedicação, desafios e conquistas, José Soares Sobrinho, engenheiro agrônomo, aposentou-se da Agraer em 4 de agosto de 2025. Sua trajetória, que começou em abril de 1979, é um testemunho de compromisso com a agricultura familiar e o desenvolvimento rural em Mato Grosso do Sul.
A paixão pelo campo sempre guiou a vida de José Soares Sobrinho. Sua primeira experiência em extensão rural foi em Paraná, na Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná - ACARPA. Buscando melhores oportunidades, ele trabalhou com defensivos agrícolas, mas foi em Mato Grosso do Sul que encontrou seu caminho definitivo, ingressando na então Empaer em abril de 1979.
José passou por diversos setores na agência, inicialmente, entrou como técnico agrícola e trabalhou como extensionista e também como auxiliar de pesquisa. Após cursar agronomia, ele retornou à GRE e trabalhou como extensionista e finalmente na área de pesquisa. Ele descreve a extensão rural como repleta de "muitos desafios".
Para ele, a principal ferramenta de trabalho era o crédito. Ele elaborou inúmeros projetos, desde o setor rural até a criação de animais, enfrentando o dilema de que o crédito nem sempre era suficiente para "alavancar a situação do pequeno agricultor"
Em sua atuação como extensionista, o engenheiro disse que a relação com os produtores era de "muito próxima", participando intimamente da vida de cada um deles e comemorando cada conquista.
“Estávamos no local de trabalho daquelas pessoas, mas elas nos recebiam na sala, na cozinha, da casa delas. Não bastava saber o que estava acontecendo no pasto daquelas famílias porque o trabalho é um reflexo do que está acontecendo em casa, então precisava ser uma preocupação. Mas quando acontecia qualquer pequeno avanço já era uma grande vitória, era muito gratificante fazer algo que tenha sido útil para eles”, relembra José.
José também participou de um projeto específico junto com a Pró Solos, nos municípios de Camapuã e São Gabriel do Oeste, que visava quantificar a perda de solos utilizando equipamentos para medir a água que escoava e o solo que era retido.
Segundo o aposentado, o ambiente era sempre de muitos aprendizados e experiências compartilhadas. “Na faculdade aprendemos a visão geral das coisas, mas a prática, na maioria das vezes, é muito diferente da teoria. Então muitos aprendizados são passados nos desafios do dia a dia, no trabalho com os produtores que apresentam vários tipos de deficiências”, afirma o aposentado.
A relação harmônica no ambiente de trabalho, rendeu uma festa de despedida para José Soares, com a participação de seus companheiros de profissão. “Foi um momento excelente, não esperava essa despedida. Fiquei muito feliz com todos os presentes, a diretoria da Agraer e outras pessoas que eu tive oportunidade de trabalhar junto no campo, e com a fala deles sobre o quanto aprendeu comigo durante esse tempo”, ressalta.
Para os colegas que continuam na ativa e para aqueles que pretendem ingressar na área, José Soares Sobrinho deixa uma mensagem inspiradora: "A extensão rural é excelente. As oportunidades que acontecem são muito grandes e diversificadas". Ele enfatiza que "ninguém cresce sozinho" e que a verdadeira realização na extensão rural é "você fazer com que aquela pessoa que muitas vezes faltava até que comer, ele possa tirar da terra o próprio sustento".

Desde o dia 4 de agosto de 2025 o engenheiro agrônomo desfruta de sua aposentadoria “expulsória”, como gosta de brincar. E pretende aproveitar seu tempo viajando com sua família.
Juraci Alves: O sonho que veio do campo
A trajetória de Juraci Aparecido Alves, natural de Fátima do Sul, é outro exemplo inspirador de dedicação e paixão pelo setor rural, marcada por quase 40 anos de trabalho incansável em prol do pequeno agricultor familiar de Mato Grosso do Sul. Ele percorreu um longo caminho profissional, que começou com seu ingresso no serviço público na cidade de Angélica, em 14 de setembro de 1987, como Técnico Agropecuária, no Programa Provárzeas.
Para Juraci, atuar na extensão rural, na assistência técnica e no atendimento a esses produtores sempre foi um sonho realizado, enraizado em sua própria origem rural.
“Sempre foi um sonho pra mim porque eu vim da área rural, então entrar na extensão rural e fazer esse trabalho por quase 40 anos foi um sonho realizado, passei pela Empaer, Idaterra e Agraer como técnico em agropecuária em nível médio e depois passei para o nível superior”, afirma.
Juraci acumulou vasta experiência em sua carreira, com atuações variadas. Em 2003, ele coordenou a aplicação do primeiro programa PRONAF A - Infra no Assentamento Itamaraty. Posteriormente, foi convidado a participar de uma missão em Corumbá, atuando no convênio entre o governo do estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para saneamento básico em assentamentos. Além disso, foi coordenador regional do IDATERRA por cinco anos e lecionou no curso de Administração da FINAN, em Nova Andradina.
Entre os trabalhos mais importantes e que se destacam na carreira, Juraci destaca uma ação realizada no município de Corumbá, com o intuito de distribuir para populações carentes alimentos vindos da agricultura familiar. Quando Juraci olha para toda a sua vida profissional, percebe que por 22 anos sua atuação esteve concentrada no município de Corumbá.
“Começamos com o programa Fome Zero e depois virou Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), então há mais de 13 anos atrás iniciamos esse trabalho e eu vim para a equipe do SEAF/Semadesc para fazer parte desse setor da coordenação na compra institucional no programa”, relembra Juraci.
Hoje, Juraci Aparecido Alves expressa um sentimento de dever cumprido. "Para mim foi uma satisfação muito grande trabalhar nesta área, tenho um sentimento de dever cumprido. Então, a gente tem essa condição de contribuir com outras pessoas", destaca Juraci.
A filosofia de trabalho de Juraci sempre girou em torno da defesa do pequeno produtor rural, com foco na contextualização da propriedade. "Nas minhas formações acadêmicas, sempre defendia o pequeno produtor rural com o trabalho de contextualização da propriedade," ele explica. Sua atuação não se limitou apenas a questões burocráticas ou de gestão; ele estava profundamente envolvido no dia a dia do campo.
As contribuições de Juraci incluem a elaboração de projetos e a atuação como palestrante em seminários e cursos técnicos. Além disso, ele se destacou na orientação direta em propriedades. "Tive oportunidade de ir em loco na propriedade, fazer orientação na área de apicultura, na área de horticultura, de lavoura de subsistência, de pomares, de hortas," detalha.
Outro ponto relevante foi a promoção de intercâmbios para alunos da rede estadual, que visavam valorizar a agricultura familiar e demonstrar seu papel crucial na segurança alimentar. “Esse foi um trabalho muito gratificante que fica na memória de cada um", lembra.
Com uma "avalanche de trabalhos" realizados, Juraci Aparecido Alves se declara realizado e feliz por ter contribuído como um extensionista. "Me sinto feliz em ter contribuído com o papel de um extensionista," afirma. Ele finaliza agradecendo a todos os agricultores familiares do estado, a quem dedicou sua vida profissional.
Por: Comunicação do Sinterpa















































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