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Projeto utiliza desidratação solar de alimentos como alternativa na agricultura familiar




Na busca por soluções para impulsionar a geração de renda na agricultura familiar, o professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Alexandre Miranda Pires dos Anjos, se destacou ao realizar uma pesquisa pioneira sobre a desidratação solar de alimentos. O projeto promete mudar a realidade dos pequenos agricultores que têm por fonte de renda o plantio e colheita de alimentos, oferecendo uma abordagem mais sustentável e rentável para esse processo. Vale mencionar que o projeto também foi contemplado com o Programa InovaUFPI.


A desidratação solar, técnica milenar, ganha uma abordagem mais moderna e adaptada às necessidades da agricultura familiar. Ao aproveitar a energia solar para preservar alimentos, este processo não apenas prolonga a vida útil dos produtos, mas também agrega valor aos mesmos. Uma oportunidade para os agricultores aumentarem sua renda e reduzirem o desperdício de alimentos.


De acordo com Alexandre, a ideia surgiu a partir de um projeto de extensão junto às hortas comunitárias de Teresina e, primeiramente, visou beneficiar o coentro, um dos produtos mais comuns nas hortas da região, de forma a agregar renda para os produtores. “Naquela altura, a desidratação me pareceu uma alternativa interessante. No entanto, os desidratadores convencionais utilizam energia elétrica ou gás de cozinha, tornando a aplicação do método tecnicamente inviável e economicamente caro. Então, aproveitando a disponibilidade de energia solar na região, iniciamos as pesquisas para o desenvolvimento de um desidratador movido exclusivamente pela energia solar, construímos o primeiro protótipo e os resultados foram incríveis”, afirma o professor.


Para Erica Karine, uma das bolsistas envolvidas na pesquisa e estudante do curso de Engenharia de Materiais, o projeto é de grande relevância social, já que a alimentação é a base da sociedade. “Essa pesquisa tem como principal foco contribuir com a sociedade, dando aos alimentos da agricultura familiar uma durabilidade maior e diminuindo o desperdício”.


Ela afirma ainda que o projeto já gerou impactos positivos, como a contribuição na otimização dos processos, tendo como resultado alimentos de qualidade e maior durabilidade e também na diminuição dos desperdícios, gerando um maior aproveitamento. “Também foi possível reutilizar partes dos alimentos que antes eram descartados, e com esse equipamento foi possível torná-los comestíveis”, destaca Karine.



Benefícios da Desidratação Solar


Um dos benefícios do processo da desidratação solar é a sustentabilidade, já que a técnica utiliza fontes renováveis de energia, reduzindo a dependência de eletricidade e combustíveis fósseis. Além do aumento da longevidade dos alimentos desidratados, já que os mesmos têm uma vida útil significativamente estendida, o que permite que os agricultores alcancem mercados mais distantes.


Acerca do tema, o professor Alexandre Miranda afirma que, a princípio, o radar relacionado à sustentabilidade enxergava o uso de energias renováveis e o combate ao desperdício como sendo os pontos principais. “No entanto, quando levamos o nosso equipamento para o campo, vimos que o projeto abrange, pelo menos, 12 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos. Por exemplo: Erradicação da pobreza, Fome zero e agricultura sustentável, Trabalho decente e crescimento econômico, Consumo e produção responsáveis, para citar alguns.”


Ele destaca ainda outros benefícios da pesquisa para os pequenos agricultores. “O produtor ganha um maior período para vender o seu produto desidratado ou fazer outros produtos como temperos, sopas, pães, entre outros, a partir da matéria-prima desidratada. Concluímos que, com planejamento, é possível reduzir o desperdício em no mínimo 50% com os nossos equipamentos. Outro fator importante é o valor agregado do produto desidratado. Nossos estudos apontam para um aumento de cerca de 7 vezes no faturamento com o produto desidratado em relação à mesma quantidade de produto vendido fresco, seguindo as nossas orientações.”


O projeto atualmente atende as comunidades Ave Verde e Serra do Gavião, mas tem previsão de expansão para as comunidades Alegria, Giovanne Prado, Soim, Vale da Esperança e Irmã Dulce ainda em 2024. “Estamos buscando parceiros para aumentar o número de desidratadores nas hortas e implementar unidades de beneficiamento mais robustas que gerem impactos socioambientais relevantes para os produtores da região”, afirma Alexandre Miranda.


Fotos: UFPI


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