Seminário mostra resultados de projetos de pesquisadores da Agraer que fortalecem agricultura familiar de MS
- tatianamartins3
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O II Seminário da Chamada Especial Fundect/Agraer 14/2022 foi realizado na sexta-feira (8), no Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer (Cepaer), em Campo Grande, reunindo pesquisadores, técnicos da extensão rural, produtores e estudantes para a apresentação dos resultados finais das pesquisas financiadas pelo edital voltado a soluções inovadoras para a agricultura familiar em Mato Grosso do Sul.
Com um investimento de R$ 1,1 milhão, as iniciativas desenvolvem soluções para desafios da agricultura familiar, envolvendo temas como agricultura de baixo carbono, fruticultura, controle biológico de pragas, agroecologia, integração lavoura-pecuária-floresta, produção e qualidade do leite, recuperação de pastagens e desenvolvimento de espécies nativas.
Dentro do contexto sul-mato-grossense, a agricultura familiar representa hoje 61% dos estabelecimentos agropecuários, reunindo mais de 80 mil famílias em atividade. Os projetos desenvolvidos com recursos da chamada especial buscam contribuir com a permanência dessas famílias no campo, com qualidade de vida, renda e segurança alimentar.
A gerente de pesquisa do Cepaer, Ana Cristina Ajalla, destacou que democratizar o acesso à ciência é essencial para alcançar públicos que historicamente não tiveram acesso a esse conhecimento. “Ações como os editais voltados à agricultura familiar e ao protagonismo feminino são exemplos de inovação com impacto social, que exigem coragem e comprometimento”, pontuou.

O diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, enfatizou a importância de unir esforços entre instituições de pesquisa e a agricultura familiar. “Temos que desenvolver atividades que fortaleçam nossa agricultura familiar, com produção de mudas, novas variedades e plantas mais resistentes. Nossos pesquisadores e especialistas estão prontos para transformar conhecimento em resultados concretos para o produtor”, disse.
Conheça os trabalhos apresentados:
Boas práticas na produção de leite de produtores que utilizam resfriadores comunitários, de Vitor Corrêa de Oliveira;
Sistema silvipastoril como estratégia de baixo carbono: indicadores de produtividade, sustentabilidade e índices de conforto térmico animal, de Edimilson Volpe;
Desenvolvimento do cultivo da guavira (Campomanesia sp.): propagação vegetativa e integração com pecuária, de Ana Cristina A. Ajalla Volpe;
Sobrevivência, crescimento e desenvolvimento de mudas de erva-mate (Ilex paraguariensis) sob diferentes épocas de plantio e tipos de mudas, de Felipe das Neves Monteiro;
Crescimento, desenvolvimento, produtividade e qualidade de frutos de pitayas como cultura alternativa aos produtores de Mato Grosso do Sul, de Aline Mohamud Abrão Cezar;
Ocorrência da seca dos ponteiros da goiabeira (Erwinia psidii) em Mato Grosso do Sul e o seu controle alternativo in vitro e in vivo, de Héber Ferreira dos Reis;
Controle biológico de pragas da goiabeira em área de agricultores familiares na região da Grande Dourados (MS), de Isaias de Oliveira;
Avaliação da semeadura direta e plantio de mudas de espécies florestais nativas com potencial de uso em sistemas agrosilvipastoris, de Camila Pellizzoni Balthazar;
Avaliação das dinâmicas de fertilidade e teor de matéria orgânica de solos em Sistemas Agroflorestais Biodiversos, de Tércio Jacques Fehlauer.
Palestra
A programação incluiu ainda a palestra “Centros de Excelência de Goiás: Política Pública Estadual de Impacto”, com o professor Robson Domingos Vieira, da Universidade de Brasília, que trouxe exemplos de boas práticas em pesquisa aplicada e cooperação interinstitucional.

O estudioso defendeu que, para que centros de pesquisa alcancem impacto duradouro e venham a se tornar centros de excelência, é necessário que os trabalhos sejam formatos como projetos de Estado, com metas claras, sustentabilidade e coordenação entre órgãos públicos, universidades e sociedade civil.
“Não pode ser um projeto de um pesquisador ou grupo isolado, mas sim uma política que tenha a dimensão e o compromisso do Estado. A pesquisa precisa atender um gargalo da sociedade e não um desejo ou sonho do cientista. É preciso ter metas bem estabelecidas, sustentabilidade e cooperação, para evitar que se torne apenas mais um laboratório. O exemplo dos Centros de Excelência de Goiás mostra que é possível captar grandes recursos, atrair talentos e gerar inovação com impacto real na economia e na vida das pessoas”, destacou o pesquisador, citando que o modelo goiano já captou quase R$ 1 bilhão desde 2019.
